Cá estou eu de
volta...
Estávamos fartos de
cortar mato, demorava muito tempo, gastamos muita gasolina e era uma tarefa
ingrata, contudo obrigatória por causa do perigo de incêndio.
Ponderamos arranjar
umas ovelhas, mas não sabemos nada destes animais.
Decidimos arriscar!
Na pior das hipóteses teríamos carne suficiente para um arraial. Já faz quase
um ano que nos ofereceram 2 ovelhas e um carneiro. Foram oferecidos por um
casal de citadinos que como nós também precisam de "robôs" aparadores
de erva.
O casal possuía um
pequeno rebanho habituado a viver ao ar livre. Apesar de terem um abrigo,
raramente recolhiam e passavam o ano na rua. O que me leva a crer que são
resistentes.
As nossas ovelhas
Duas fêmeas (mãe e
filha) e um carneiro jovem.
A mudança
Pedimos a um senhor
aqui da terra para nos ajudar a mover os animais. As pernas dos animais foram
atadas e um a um foram colocados numa caixa de um trator.
Não foi bonito mas os
animais não estavam a ser magoados e o senhor tem muita experiência. Ainda hoje
quando ouvem um trator fogem para a outra ponta do terreno.
A nova casa
Chegaram bem (também
foram só 5 minutos de caminho).
Antes de serem soltas
apararam-se os cascos com uma tesoura de podar.
Foram soltas num
cercado feito por nós e sobre o qual falarei noutra altura. Montamos um sistema
que fornece água automaticamente e já tínhamos um abrigo, para o caso de
quererem recolher.
Como estavam
habituadas à rua, demoraram muito tempo a descobrir o abrigo.
Nos primeiros tempos
dávamos ramos à mão, para se habituarem a nossa presença.
A comida
A ideia era comerem a
erva. No Inverno há muita.
Mas depois chegou o
verão já não havia erva verde.
Dentro do cercado há
algumas árvores que entretanto foram "podadas" por elas.
Adquirimos algum feno
mas não ligaram muito. Contudo a restante quinta gera bastantes detritos,
fruta, resto da horta, da cozinha, podas das árvores... para além disso o monte
de compostagem está dentro do cercado. Elas comem tudo e assim conseguimos
alimenta-las sem recurso a comidas extras. A única altura em que fornecemos
mistura de cereais foi no fim da gravidez e no início do aleitamento de ambas
as ovelhas.
O cercado tem cerca
de 5 000 m2. Tem poucas árvores e não é regado. O resto da
quinta tem a horta e o pomar com uma área aproximada de 3 000 m2.
A multiplicação
Pois é .... elas
multiplicam-se. Com alguma frequência. Ambas as fêmeas vinham prenhas do
carneiro dominante do outro rebanho. A mais velha abortou, passado um mês de
chegar. Começamos por ouvir os seus balidos mas ela não nos deixava aproximar.
Só lhe provocávamos mais stress. Deixamos andar até ela expelir. Ficamos com o
receio se ela teria ficado bem, ainda pedimos a um vizinho que também tem ovelhas
para vir ver, mas o senhor era da mesma opinião: elas sabem o que fazem.
E é verdade. Já
voltou a ficar prenha, desta vez do nosso carneiro. E teve duas crias, um macho
e uma fêmea. Nasceram muito pequenos, mal se punham em pé, não tínhamos grandes
esperanças que sobrevivessem os dois. Estava muito frio e chuva, mesmo assim
não foram para o abrigo. Fomos surpreendidos e os dois estão bem.
Facto curioso: quando
nasceram os dois, a ovelha e as crias estavam longe da entrada do cercado,
entramos para vermos se estavam bem, as outras ovelhas e o carneiro, desataram
a correr e posicionaram-se entre nós e mãe com as crias. Ficamos ali num
impasse, elas lá cederam e começaram a desviar-se. Não esperava este
comportamento. Foi curioso.
A mais nova também
vinha prenha, teve uma borrega, sem problemas. Foi uma excelente mãe, mesmo
sendo inexperiente.
Como o objetivo do
rebanho não é a produção de carne, a reprodução pode ser o maior problema de
ter ovelhas. O nosso rebanho duplicou em 8 meses. Não podem ficar todos porque
depois não temos comida, e com a compactação a terra começa a perder a
capacidade de se regenerar.
A solução pode ser o
abate para consumo ou oferecer. Estes vão ser oferecidos, mas os próximos terão
outro destino.
Antes de termos ovelhas,
ofereceram-me um borrego vivo. Nessa altura pedimos ao senhor que nos ajudou na mudança para
recolher o animal e combinar com outro senhor que faz o abate. Estes dois
trabalhos ficaram em cerca de 20€.
Recolhi alguns dados para conhecer melhor os animais:
Maturidade sexual
|
5 - 7 meses (ideal: 18 meses)
|
Tempo de gestação
|
5 meses
|
Número de crias por parto
|
1 - 3
|
Número de partos por ano
|
1
|
Relação Carneiro:Ovelha
|
1:45
|
Intervalo entre os partos
|
10 meses
|
Aleitamento
|
3 a 6 meses
|
Idade máxima para reprodução
|
6 anos
|
Pelo que nos disseram geralmente
os nascimentos ocorrem no fim do verão ou no início da primavera, mas na prática
podem ocorrer em qualquer altura já que não controlamos o carneiro.
As vezes as ovelhas abandonam os
filhos à nascença, porque as mães querem acompanhar o rebanho e se a cria não
se levantar e andar, ficam para trás. Outras vezes, a mãe pode achar que a cria
não é forte para sobreviver e abandona-a. Aliás aconteceu como uma ovelha do
rebanho original, onde um carneiro nasceu com uma pata torta e a mãe deixou-o,
não o amamentado. Depois teve de ser amamentado ao biberon.
Continuo noutro dia, ainda há mais assuntos relevantes.
Vejam a continuação deste tema aqui.
5 comentários:
Muito bom este artigo! Muita informação interessante.
Eu ainda não estou nessa fase, mas pondero a hipótese. Afinal ter ovelhas não é tão trabalhoso como pensava. Só fiquei com uma dúvida que não referiste. Como é com a tosquia? Tem que se fazer todos os anos?
Boa semana :)
Olá,
É bom termos notícias suas e já tínhamos saudades dos seus bons e informativos artigos :)
Nós temos cabras (anãs e "normais") a fazerem o mesmo "trabalho" que as suas ovelhas. Na altura preferimos as cabras por as acharmos mais resistentes, apesar de sabemos que são muito mais gulosas e saltitonas do que as ovelhas... Adoramos as nossas cabras, mas também andamos tentados a arriscar numas ovelhinhas!
Um abraço,
http://faroleco.blogspot.pt/
Olá Catarina e Faroleco
Obrigada pela vossa visita.
Catarina, ainda não acabei o artigo, vai haver uma segunda parte com mais informações. Respondo as tuas perguntas e a outras questões.
Faroleco, também pensamos em cabras mas tínhamos receio da sua energia. Pensamos nas anãs, são muito giras e talvez saltassem menos, mas não saberíamos o que fazer com a prole. Contudo não está fora de questão. A nossa próxima aventura devem ser as galinhas pintadas.
Até à próxima.
Ana
Seja bem vinda, já tinha saudades suas.
Eu agora também mudei de vez para o quintal, tenho galinhas cão e coelhos, bem gostava de ter espaço para uma ovelha mas, não dá.
Vá dando noticias, adorei ler a experiência com as ovelhas, boa sorte com elas, beijinho
Olá Eugénia.
Já vi que se mudou para o campo de vez. É outro tipo de vida, vai ver que não vai ter muitas saudades da cidade.
Obrigada
Ana Mourão
Enviar um comentário