quinta-feira, 12 de maio de 2016

Se usarmos as sementes das nossas abóboras vamos obter o mesmo tipo de abóbora?

A resposta precisa que se percebam  alguns conceitos primeiro.

Há dois tipos de reprodução: a sexuada e a assexuada.

Reprodução assexuada

É a obtenção de um individuo sem recombinação de características. Ou seja será igual ao progenitor.
O novo individuo desenvolve-se a partir de uma parte do progenitor (folha, estaca….)
Em agricultura é muito usual usarmos uma estaca, quer por enraizamento desta, quer por enxertia num cavalo.

Exemplo: temos uma laranjeira que produz boas laranjas e sem caroços. Para reproduzir temos de ter um cavalo apropriado (laranjeira brava), corta-se um ramo para fazer um garfo e faz se uma enxertia. Vamos obter uma laranjeira igual a que retiramos o ramo.

Reprodução sexuada

A reprodução sexuada implica o envolvimento de dois indivíduos da mesma espécie, dando origem a um novo ser com uma nova combinação de características dos progenitores.

Exemplo:



Os descendestes serão parecidos com os progenitores mas não obrigatoriamente iguais. Podemos obter um descendente com características que não nos interessam (descendente 1), ou um descendente com características melhores que os progenitores (descendente 4). Também iremos obter descendentes iguais aos progenitores (descendentes 2 e 3). Não há certezas. Há probabilidades.
Estas probabilidades aumentam se cruzarmos dois progenitores idênticos.

Posto isto, voltamos a questão:

Se usamos as sementes do ano anterior, quer dizer que estamos num caso de reprodução sexuada. É um risco, podemos ter descendentes com características que não nos interessam.
Os produtores de semente, isolam as flores e cruzam machos e fêmeas com características muito parecidas, para obter sementes com características o mais idênticas possível aos pais.
Ora, nós não isolamos as flores (falo por mim), deixamos as expostas aos agentes polinizadores (abelhas). O que quer dizer que podemos receber nas nossas flores femininas, pólen de outras flores distantes (uma abelha pode percorrer 3 km). Se o vizinho também faz culturas, poderá ocorrer ainda mais cruzamentos "desconhecidos".

Ou seja, se quiser ter a certeza que vai ter um certo tipo de abóboras, ou isola as flores e faz a polinização manual ou é melhor comprar semente nova.

Isto dos cruzamentos também se aplica às sementes das árvores (maçãs, por exemplo). Nestes casos ainda é mais complicado devido a quantidade das flores.


2 comentários:

António A. disse...

Olá
É um post oportuno. É uma duvida que paira e se arrasta na cabeça das pessoas, especialmente de quem não está familiarizado com as coisas da agricultura... É uma questão que respondo com frequência a pessoas que nos visitam.
Cumps
António A.
Horta de Codeçais

Horticasa disse...

Antigamente não havia essas frescuras, depois ouvia-se aqui e ali dizer que tinha degenerado...
Eu gosto quando degenera, é mais emocionante, héhéhé.
beijinho, eugénia